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Artigo - Assédio, a doença do trabalho

  • Fonte: O Popular
  • 12 de jul. de 2023
  • 2 min de leitura

Ruzell Nogueira

O assédio moral no ambiente de trabalho no Brasil é uma realidade que precisa ser enfrentada de forma corajosa e responsável por empregadores, empregados e também pelo poder público. Só em 2021, em plena pandemia da Covid-19, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) registrou mais de 52 mil processos motivados por assédio moral no país. Por trás deste número, histórias trágicas de quem viveu o abuso no dia a dia, durante a jornada de trabalho, em relações marcadas pelo medo, pelo desgaste e, muitas vezes, pelo adoecimento.


O assédio é caracterizado por qualquer comportamento indesejado, repetitivo e hostil, que cause constrangimento, humilhação, intimidação ou medo no trabalhador. O assédio moral retrata toda prática de atos que humilham e desqualificam o trabalhador, causando prejuízos à sua autoestima e saúde mental.


Já o sexual, como o próximo nome já diz, inclui abordagens, insinuações, gestos e piadas de cunho sexual não solicitados ou outras formas de pressão com conotação sexual, que criam um ambiente hostil para a vítima. Sim, se você ouviu uma cantada de um colega, pode saber que foi inapropriado. Por último, temos o assédio psicológico, que engloba ações que desestabilizam emocionalmente o trabalhador, seja com ameaças ou exclusão.


Para as vítimas, os impactos são físicos e psicológicos e podem levar a consequências devastadoras, como transtornos de ansiedade, depressão, estresse, insônia e até mesmo tentativas de suicídio.


Dados doMinistério Público do Trabalho apontam que mais de 53% dos brasileiros já sofreram algum tipo de assédio no trabalho. Entre as vítimas, a maioria é de mulheres. Pesquisa realizada pelo Instituto Patrícia Galvão e Locomotiva aponta que violências cotidianas no trabalho afetam 36% das trabalhadoras e 76% dizem já ter passado por um ou mais episódios de violência e assédio no trabalho.


Para as empresas, o saldo dos casos de assédio é a geração de um ambiente tóxico, com queda significativa da produtividade e um aumento da rotatividade dos trabalhadores. E de forma mais efetiva, a imagem do empregador é prejudicada e ele pode enfrentar processos judiciais e o pagamento de indenizações. Precisamos urgentemente prevenir e enfrentar o assédio com ações que envolvam as

organizações, os trabalhadores e o Estado. É preciso que políticas e programas de prevenção ao assédio façam parte da cultura organizacional e que as relações dentro das empresas sejam baseadas no respeito, na igualdade e na valorização dos trabalhadores.


Precisamos garantir que todos os assediadores sejam denunciados e punidos. Isso só acontecerá quando a vítima tiver seus direitos garantidos, se sentir segura para denunciar e o ambiente de trabalho se torne lugar onde o assédio não tenha vaga.

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